Ecoturismo e a força do turismo sustentável em defesa da natureza
Degradação do meio ambiente, falta de controle dos efluentes, baixa qualidade das construções e infraestrutura, descaso com as questões sociais, crescimento desordenado e aumento da favelização nas localidades. Por incrível que pareça esses e vários outros problemas estavam ligados ao turismo em massa até a década de 1970. O problema tornou- se tão sério que, nesse período, surgiu como resposta mundial a este turismo predatório, o conceito de ecoturismo ou turismo de natureza. No Brasil, o ecoturismo foi introduzido pela Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), em 1985, através do Projeto Turismo Ecológico. Em 1992, com a Rio 92, o termo ganhou maior visibilidade e acabou impulsionando um mercado promissor que não para de crescer. A partir daí, órgãos e instituições ligados ao setor foram sendo criados.
Turismo ecológico
O consultor internacional em ecoturismo e diretor geral da PICE – Programa Internacional de Consultoria em Ecoturismo, o arquiteto mexicano Hector Ceballos-Lascurain, foi um dos primeiros a defender que o “turismo ecológico é aquele que se dedica a viagens para áreas naturais não perturbadas e não contaminadas, com o objetivo de estudar, admirar e gozar a paisagem, suas plantas e animais selvagens, assim como culturas passadas ou presentes onde possam ter existido ou existirem nesta área”.
Ecoturismo como geração de renda
Incentivar o visitante a proteger e preservar os patrimônios natural e cultural e, ao mesmo tempo, formatar programas de formação da consciência ecológica dos turistas, são pontos básicos do ecoturismo ou turismo de natureza. Os praticantes do turismo ecológico aprendem a defender a utilização da natureza sem agredi-la, lutando por sua preservação, contra os desmatamentos, descartes de resíduos, apoiando a proibição de caça e pesca. Outro ponto fundamental é a valorização da comunidade onde este tipo de turismo está inserido, incentivando a utilização da mão de obra local, com geração de renda e criação de empregos, e respeito aos costumes nativos.
Atrativos naturais
E cresce, a cada ano, a variedade de atividades no ecoturismo que vem se tornando populares: cicloturismo, trekking, observação de fauna e flora, boia-cross, tirolesa, cavalgada, passeios a pé, espeleologia, estudos do meio ambiente, parapente, balonismo, canyoning, turismo geológico, rafting, estão entre os mais praticados atualmente no Brasil e no mundo.
E o turismo ecológico ou turismo de natureza é o segmento desta atividade que mais cresce no mundo. Segundo dados de antes da pandemia, enquanto o turismo convencional crescia em torno de 7,5% ao ano, o ecoturismo vinha crescendo entre 15 a 25% ao ano. Para a Organização Mundial do Turismo a estimativa é de que cerca de 10% dos turistas de todo o mundo tenham preferência pelo ecoturismo.
Aumento da oferta com o ecoturismo
E no Brasil, segundo a Embratur, em 2018, o ecoturismo gerou cerca de 80 mil empregos diretos, R$2,2 bilhões em renda e outros R$3,1 bilhões em valor agregado ao PIB. Durante o Meeting Festuris (Feira Internacional de Turismo) realizado em novembro do ano passado, em Gramado, o presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, defendeu a necessidade de diversificar a divulgação no Brasil e no exterior. “O dinheiro do mundo no futuro, não vai vir do petróleo, que possui validade. Vai sair do turismo. Possuímos seis biomas e uma cultura inigualável, temos de explorar”, defendeu Machado Neto.
É preciso desenvolver o ecoturismo
Já na iniciativa privada, o ecoturismo ou turismo de natureza, vem alcançando cada vez mais sucesso com iniciativas criativas. A Lobi Cicloturismo, uma das principais empresas na promoção do ecoturismo no país, tem no cicloturismo auto-guiado, na ciclo aventura e no turismo de aventura, seus principais produtos. O CEO da Lobi, Ivan Mendes, lembra ainda que “o ponto mais importante do ecoturismo é que ele serve para conscientizar as pessoas para a importância da preservação. As pessoas quando convivem junto à natureza, valorizam o meio ambiente e conseguem ter uma percepção melhor da biodiversidade e, principalmente, da cultura da preservação.
A bicicleta como veículo
E a bicicleta proporciona a oportunidade de um conhecimento mais intenso, mais profundo”. E, nestes tempos de pandemia, Ivan reforça a orientação de que a prática do ecoturismo pode e deve ser incentivada, “desde que as atividades de lazer ativo ao ar livre sejam realizadas obedecendo às exigências racionais de distanciamento social, com responsabilidade”. Afinal, ecoturismo ou turismo de natureza proporciona não só um meio ambiente cada vez mais preservado mas também um aumento da qualidade de vida e conscientização social dos seus praticantes.
Por Ike Yagelovic