Tão especial quanto cumprir caminhos é reencontrar as pessoas que nos acompanharam nestas empreitadas sobre a bicicleta e passar horas lembrando o que vivemos em sua companhia.
Foto: Therbio Felipe M. Cezar |
São momentos para rememorar o trajeto, conferir acontecimentos, rir pelos cotovelos e se emocionar sem pretensões outras. Ou seja, são momentos de reviver imaterialmente as sensações que ficaram gravadas na memória e que, de tão especiais, necessitam, para sobreviver, serem resgatadas a cada período.
Nestes encontros, é óbvio, nos vemos e nos sabemos mais velhos ou experientes, como queiram chamar, porém, os sorrisos em profusão garantem nossa jovialidade virtual. Alguns, perderam a forma, enquanto outros, definitivamente, a conquistaram.
O ambiente escolhido para o reencontro e o que será consumido são apenas pretextos para a reunião, porque o ambiente definitivamente ideal seria aquele composto das trilhas e rotas tortuosas, plenas de céu, paisagens e personagens pelos quais passamos juntos, aos quais percebemos, mutuamente.
A experiência cicloturística, por si só, tem como característica inerente possibilitar reflexões, silêncios, aprendizagens internas e externas, acumular conhecimento sobre o mundo e sobre minúsculas partículas dele, e principalmente, vincular emotivamente o cicloturista ao caminho percorrido.
Em minutos da reunião ou reencontro, o grupo parece que volta no tempo e na história para eclodir numa conversa que ganha volume ao ser composta por frases que surgem de todos os lados. Cada um de nós quer dar um aparte, contribuir com a lembrança a partir de fragmentos da mesma, tão presentes em nós quanto nós, neles.
Foto: Therbio Felipe M. Cezar |
Resgatamos coisas da cicloviagem que nem mesmo sabíamos que tínhamos guardado num recôndito de nossas mentes, e passamos a interpretar nossas inferências sobre o caminho de uma forma mais plural. Sentimos que cumprir a trajetória foi o que possibilitou o reencontro. Que poder fantástico tem o cicloturismo em grupo, não?
Ainda que fiquem na mesa novas propostas e desafios, nossos olhares brindam a alma de uma certeza de pertencimento, de fazer parte de algo ou de alguma coisa com sentido.
Companheiros de estrada, quem diria, tão diferentes e ao mesmo tempo com tanto em comum: todos, afinal, se pertencem.
Ao voltar para casa, fica na cabeça o resultado resumido de uma experiência única, que jamais será refeita ou realizada da mesma forma e conteúdo. Fica a presença na ausência destas pessoas que admiramos, as quais colaboram conosco em nossa jornada e fazem do cicloturismo em grupo parte essencial do que, com todos os sentidos mais profundos, chamamos de amizade.
Bom Caminho!
Por Therbio Felipe M. Cezar