São 282 quilômetros de trilhas pelo antigo traçado das viagens realizadas desde o século XVIII na região central do Brasil. Esqueça o carro (poucos trechos contam com asfalto), mas não deixe de usar o GPS ou mapa, seguindo a sinalização que demarca o Caminho de Cora Coralina.
Os amantes da natureza, história, cultura e longas caminhadas poderão reviver, a partir de março, os caminhos que ligavam Corumbá de Goiás à Cidade de Goiás, antiga capital do estado e terra da poetisa Cora Coralina. A trilha poderá ser feita por trecho ou integralmente em até cinco dias. Ao término do passeio, o turista vai repetir a célebre frase de Cora Coralina: “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.
A trilha de longo curso vai passar por outros municípios da região como Pirenópolis, São Francisco de Goiás, Jaraguá, Itaguaí e Itaberaí, que oferecem infraestrutura turística aos visitantes. Os velhos caminhos, existentes desde o ciclo do ouro, no “coração” do Brasil, também poderão ser percorridos de bicicleta ou, ainda, a cavalo, mantendo a tradição da montaria.
Além de belas paisagens preservadas, banhos de cachoeiras e comida caseira, os aventureiros terão oportunidade de reviver a história do Estado de Goiás, na época em que o ouro era a grande riqueza perseguida pelos colonizadores. O roteiro foi ajustado para que os trilheiros possam desfrutar das fazendas, cidades históricas, ruinas e lavras de minério ao longo do caminho.
Se o que interessa não é a menor distância, mas a maior história, o Caminho de Cora Coralina é resultante da história mais bonita e da paisagem mais bela. Corumbá de Goiás (1730) nasceu de uma lavra do ouro na margem do rio Corumbá. A cidade tem casario colonial no centro histórico com destaque para a igreja de Nossa Senhora da Penha. Entre os atrativos naturais, destaca-se o Salto Corumbá com atividades de natureza e aventura, além de turismo rural.
Em setembro tem as tradicionais cavalhadas, encenação de batalhas entre cristãos e mouros trazidas pelos jesuítas como forma de catequese. Já Pirenópolis (1727) é um dos destinos turísticos mais visitados de Goiás. A cidade histórica foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e virou polo de ecoturismo, gastronomia, lazer e arte.
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Casa de Cora Coralina em Goiás Velho. Crédito: Embratur
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Mais conhecida como Goiás Velho, a Cidade de Goiás (1727) é reconhecida pela Unesco como Patrimônio Histórico e Cultural Mundial pela importância que exerceu no ciclo do ouro e pelo fato de ter sido capital de Goiás por mais de 200 anos. Catedral, igrejas, museus, palácios e casario colonial reforçam o papel da cidade histórica onde nasceu Cora Coralina (1889-1985). Seu primeiro livro só foi publicado aos 75 anos. A poetisa ficou conhecida por retratar a simplicidade do cotidiano nos seus escritos. Um dos locais mais visitados da antiga capital é o Museu Casa de Cora às margens do rio Vermelho.
O apoio da comunidade e de voluntários tem sido fundamental nos trechos já sinalizados do Caminho de Cora Coralina, nos parques estaduais Serra dos Pirineus, Serra do Jaraguá e Serra Dourada, além do mapeamento dos pontos de apoio, descanso e alimentação. O turismo de natureza e aventuras gera a sensação de pertencimento, trabalha a educação ambiental, a cultural e fortalece a economia entre os moradores da região.