Mountain Bike

A preocupação mundial com a preservação do meio ambiente encontra eco no movimento esportivo, como podemos verificar na 8ª Conferência Mundial sobre Esporte e Meio Ambiente, realizada em março de 2009 em Vancouver, que estabelece: a) luta contra a mudança climática; b) redução de resíduos; c) reforço da biodiversidade; d) promover a inclusão e e) incentivar a vida saudável. As conclusões e recomendações da conferência exortam as entidades interessadas a agir no intuito de uma maior sensibilização das questões ambientais, onde as federações internacionais serão encorajadas a adotar políticas de sustentabilidade redirecionando-as às federações nacionais.
Essa relação esporte/natureza nos dizeres de Bento (apud DA COSTA, 1997, p. 61) ressalta a tendência, de levar o desporto para o espaço aberto, para o ar livre, para o exterior, para a natureza.

Lobi Cicloturismo – Foto: Sartori

Nesse sentido cresce o número de modalidades esportivas que levam seus praticantes à natureza, e também o número de pessoas que chegam a ela pelo esporte. Talvez isso se deva às questões ambientais em voga, uma vez que o esporte, de uma maneira, geral não deixa de ser afetado pelas questões que afligem a humanidade, bem como as próprias de seu enredo, tais como os casos de doping, a corrupção dos dirigentes e o aumento da violência nas disputas esportivas (TUBINO, 1999). Hoje, uma nova questão se apresenta ao esporte: a degradação do meio ambiente, o que de acordo com Vieira (2004), pode privar as pessoas de um direito garantido pela Constituição Federal, o direito à prática esportiva.

No campo relacional esporte/meio ambiente encontramos o ciclismo, um esporte que permite um contato direto com a natureza, onde podemos perceber os efeitos da degradação do meio ambiente, bem como o contato com o meio urbano, local onde se encontra um dos principais agentes poluidores da atmosfera: o automóvel. A conscientização ecológica pode ser vital tanto no natural quanto no urbano, é o papel social de cada um e do esporte.

Lobi Cicloturismo – Photo Sport

Alguns esportes que dependem do meio natural para sua prática surgiram, como é o caso do mountain bike (MTB), uma modalidade do ciclismo praticada na natureza, nos mais variados terrenos que, por suas características, classifica-se na corrente dos esportes-aventura/na natureza/radicais.

O mountain bike teve início em 1933 nos EUA com a introdução da bicicleta com pneu balão, ficando esquecido por um período e reaparecendo na década de 1970 nas montanhas da Califórnia. Surge como alternativa a proibição da utilização de motocicletas em descidas de montanhas, devido aos estragos causados por essas ao meio ambiente. O esporte difunde-se, ao final da década de 1980, pelo continente Europeu e Oceania tornando-se esporte olímpico nos Jogos de Atlanta em 1996.(TUBINO, 2007) O mountain bike brasileiro nasceu no município de Paraíba do Sul, interior do Estado do Rio de Janeiro, no começo do ano de 1988 com a organização do 1º Mountain Bike Cup Fazenda Hotel Jatahy. No momento em que ocorrem debates acerca da problemática ambiental, o MTB cresce no cenário nacional sendo notória a adesão de diversas pessoas a esse esporte em seus momentos de lazer.

Lobi Cicloturismo – Foto: Sartori

Nesses momentos os bikers – praticantes de mountain bike, se libertam do mundo cotidiano entrando em um mundo paralelo, um mundo de prazer, de novas descobertas. Onde a cada trilha, a cada curva surgem novos desafios, novos cenários, novos motivos para seguir em frente. Às vezes, na frente ditando o ritmo, apontando o horizonte, às vezes por último pelo simples prazer de apreciar aquele contraste de cores, cadenciado, em ritmos diversos, mas com um mesmo pulsar. Nesse mundo, o caminhante dos pedais pode ir aonde quiser e sem o consumo de combustíveis, mas através da transformação da energia de seu próprio corpo, e perceber que a energia que ele gasta ao pedalar tem uma dinâmica de preservação dele mesmo, que faz bem para a saúde e ainda preserva a natureza.

Pedalar uma bicicleta é desvendar belas paisagens em suas trilhas, interagindo com elas, imprimindo-lhes sentidos e significados ao longo de suas trajetórias, tal como falou Corrêa e Rosendahl (1998). E nessas trajetórias, a bicicleta também assume um valor simbólico, ganha uma energia poderosa capaz de tirar o biker de sua condição profana e levá-lo a um outro plano, sagrado, onde a bicicleta é a personificação da busca de novos caminhos, novas descobertas e possibilidades, da busca de novos horizontes. Um efeito mediador entre o sagrado e o profano, uma hierofania (COSTA, 1999).

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