A pesquisa analisou por dois meses o tema mobilidade urbana na internet para entender como as pessoas noticiam e opinam sobre esse assunto.
Mais de 40% dos internautas demonstraram desejo de comprar um carro ou moto para fugir do transporte coletivo. A cada quatro comentários que citavam moto/carro, um deles era alguém mencionando a intenção de comprar um veículo. De acordo com coordenadora do estudo, Stephanie Jorge, os comentários refletem a forte cultura na sociedade do uso do transporte individual.
“As palavras que mais apareciam nos comentários sobre o tema foram carro e quero. Existe a precariedade dos serviços, mas o problema não é uma questão individual. Você pode cobrar das autoridades para melhorar o transporte público, buscar alternativas, pois o uso do carro leva a congestionamentos, poluição, acidentes”, disse. “Sair do pensamento individual para o coletivo é uma barreira cultural que temos que ultrapassar”, acrescentou.
Elogios à prestação do transporte coletivo e outras alternativas corresponderam a 29,5% dos comentários e as menções sem opinião sobre o assunto, 26,8%. Onde mais se falou sobre transporte individual foi no Rio de Janeiro, com 32,4% das menções. São Paulo ficou em segundo, com 16,8%. Na terceira posição, aparece Minas Gerais, com 7,6%.
A equipe colheu e analisou palavras ou expressões referentes ao tema em posts do Facebook, do Twitter, do Instagram, de algum blog ou um comentário em sites da internet, com ajuda de um software de monitoramento digital. Foram quase 400 mil menções nas principais redes sociais do país.
Entre os temas mais falados sobre a cultura do transporte individual estão acidentes (60%), congestionamentos (14%) e indústria da multa (9%). Cerca de 60% das pessoas consideram a multa algo positivo e 21%, negativo. Nas menções sobre acidentes, 72,7% citaram carros e 27,3%, motos. As vias urbanas foram os locais de acidentes mais citados (61,2%), seguidas das rodovias (38,8%).
A bicicleta é a queridinha das redes com 83% de comentários positivos, mas poucos a veem como meio de transporte. Somente 16,7% dos comentários falavam do veículo como alternativa de mobilidade. Lazer e saúde estão no topo das menções (58,8%). Um dos motivos para esse visão sobre a bicileta, apontou Stephanie, pode ser o fato de o Brasil ter menos de 2 mil quilômetros de ciclovia.
“Esse número representa 1% de toda a malha viária de nossas capitais, o que prejudica o uso da bicicleta como meio de transporte. Em Amsterdã, na Holanda, 30% da forma de locomoção é feita por bicicleta. Mas lá são 500 quilômetros de ciclovia”, disse. Em toda a Holanda, são cerca de 32 mil km de ciclovia.
O tema ciclovia aparece em 12,7% das menções. As ciclovias tiveram 46,3% de menções positivas, contra 40,3% de negativas e 13,4% de neutras. Cerca de 56% dos usuários elogiaram o uso da carona, contra 3,4% que mencionaram o tema de forma negativa. Cerca de 41% falaram de carona de forma neutra, sem exaltar nem criticar.
Edição: Carolina Pimentel