Rota dos Tropeiros no Brasil: História, Origem e Legado Cultural

Caminho do Viamão e a Rota dos Tropeiros no Brasil: História, Origem e Legado Cultural

Rota dos Tropeiros no Brasil: História, Origem e Legado Cultural

A Rota dos Tropeiros no Brasil, sinônimo do Caminho das Tropas, é uma das mais importantes vias históricas do país, sendo fundamental para o desenvolvimento colonial.

Mapa da Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão
O mapa do Caminho das Tropas ilustra a vasta Rota dos Tropeiros que ligava o Sul ao Sudeste.

O Caminho das Tropas: A Base da Rota Histórica

O Caminho das Tropas, ou Estrada das Tropas, foi uma importante via terrestre de ligação entre o Sul do Brasil e o centro da colônia, especialmente Minas Gerais e São Paulo, durante os séculos XVIII e XIX. Em outras palavras, essa rota foi o eixo vital da economia da época.

A Necessidade desta atividade e a sua Origem

No século XVIII, portanto, o crescimento da economia colonial, impulsionado pela mineração em Minas Gerais, exigia o abastecimento dos novos povoados das regiões auríferas. Os produtos — como alimentos, ferramentas, tecidos e animais — eram transportados principalmente em tropas de muares, capazes de percorrer longas distâncias por trilhas acidentadas.
Além disso, o comércio de gado era vital para o abastecimento das regiões, fornecendo carne e couro indispensáveis à alimentação e à indústria colonial, complementando o papel das tropas de animais no desenvolvimento econômico colonial.

Caminho do Viamão e a Rota dos Tropeiros no Brasil: História, Origem e Legado Cultural
Rota dos Tropeiros no Brasil: História, Origem e Legado Cultural. Imagem I.A.

Desse modo, os condutores dessas tropas eram conhecidos como tropeiros, homens que viajavam por meses entre o Sul e o Sudeste, levando e trazendo mercadorias, animais e novidades culturais. Você pode saber mais sobre a vida destes viajantes na cultura material do Caminho das Tropas.

Sorocaba: O Principal Entroncamento

Primeiramente, no interior paulista, a cidade de Sorocaba tornou-se o principal entreposto comercial dessas rotas. A partir de meados do século XVIII, realizavam-se ali grandes feiras de muares, que integravam a economia regional e conectavam o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Caminho do Viamão e a Rota dos Tropeiros no Brasil: História, Origem e Legado Cultural
Rota dos Tropeiros na Serra Gaúcha em 2024. Foto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

Afinal, era em Sorocaba que os animais vindos do Sul eram vendidos e redistribuídos para outras regiões do Brasil. A preservação dessa memória histórica da Rota dos Tropeiros no Brasil é fundamental para entender a dimensão da Importância da Preservação – RCHUniTau.

As Principais Trilhas das Tropas no Brasil

À medida que o comércio e o povoamento avançavam, os tropeiros seguiam por antigos caminhos indígenas e trilhas abertas. Assim, essas rotas ficaram conhecidas como Caminho das Tropas, destacando-se três ramais principais:

    1. Caminho do Viamão (ou Estrada Real de Viamão): Sem dúvida, foi o trajeto mais utilizado pelos tropeiros. Partia de Viamão (RS) e passava por diversas cidades (Vacaria, Lages, Curitibanos, Lapa, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Sengés e Itararé), até chegar a Sorocaba (SP). Para um estudo mais aprofundado, consulte este Mapa acadêmico do trajeto dos tropeiros.
    2. Caminho das Missões: Iniciava em São Borja, passava por Santo Ângelo, Palmeira das Missões, Rodeio, Chapecó, Xanxerê e Palmas, onde se bifurcava em dois ramos (um por União da Vitória e Palmeira, outro por Guarapuava, Imbituva e Ponta Grossa). Além disso, conectava regiões estratégicas, conforme detalha a Memória do Transporte Brasileiro.
    3. Caminho da Vacaria: Interligava Cruz Alta a Vacaria, no Caminho do Viamão, atravessando Passo Fundo e Lagoa Vermelha. Isto é, complementava o eixo principal da Rota dos Tropeiros. A importância da Geoconservação na Rota dos Tropeiros no Paraná deve ser ressaltada.

Existiam, além disso, rotas secundárias, como a Estrada da Praia (ligando Colônia do Sacramento a Laguna) e o Caminho dos Conventos, aberto por Souza Faria. Do mesmo modo, diversos pousos surgiram, como mostra este Hotel Recanto das Camélias.

O Povoamento no Eixo do Caminho

Com o passar das jornadas, as longas viagens exigiam pontos de pouso, alimentação e descanso para tropeiros e seus animais. Gradualmente, desses acampamentos temporários surgiram pequenos povoados dedicados ao cultivo, comércio e prestação de serviços aos viajantes. Por conseguinte, muitos desses núcleos cresceram e se transformaram em importantes cidades, marcando o surgimento de novos eixos de povoamento no Sul e Sudeste do Brasil.

Por exemplo, cidades como Castro, no Paraná, nasceram desse movimento. Não deixe de visitar o Museu do Tropeiro e a história do povoamento de Castro.

Entretanto, o desenvolvimento de outras rotas, como o Caminho do Anhanguera e a Estrada Real, também foi influenciado por esse fluxo. Em seguida, o ciclo do ouro e a demanda por gado levaram a uma expansão sem precedentes do Caminho das Tropas.

A Origem dos Muares e o Legado do Caminho das Tropas

Os muares (mulas e burros) vinham, na maioria das vezes, da região do Estuário do Prata, na atual Argentina e no oeste do Uruguai.  Essa atividade despertou o interesse de muitos sertanistas e bandeirantes, como Cristóvão Pereira de Abreu, que abriram e consolidaram novos trechos da Rota dos Tropeiros no Brasil. No entanto, a principal motivação sempre foi o comércio.

O Legado Cultural do Tropeirismo e a Influência Regional

Por fim, a influência do tropeirismo é inegável. Muitos desses caminhos se transformaram em ruas, estradas e rodovias, mantendo viva a cultura tropeira — costumes, língua, culinária, religiosidade e tradições. Frequentemente, observamos essa herança nas cidades ao longo da rota. Contudo, os tropeiros foram fundamentais para a integração territorial e cultural do Brasil. Assim sendo, de suas andanças nasceu a cultura caipira no Sudeste e o perfil campeiro do gaúcho no Sul.

Mulas no SENATRO de Bom Jesus (RS) em maio de 2025. Foto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur
Mulas no SENATRO de Bom Jesus (RS) em maio de 2025. Foto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

Em resumo, a gastronomia tropeira é um patrimônio. Não deixe de conferir a receita do nosso famoso Feijão Tropeiro, prato icônico da culinária deles. Para mais detalhes sobre a influência tropeira, pesquise por: Tradições encenadas: investigações e invenções.

Ecoturismo e Cicloturismo Autoguiado na Rota dos Tropeiros

Nesse contexto, o Projeto de Lei 1280/2024, que cria a Rota dos Tropeiros como roteiro de ecoturismo e cicloturismo autoguiado, já foi aprovado por todas as comissões da Câmara dos Deputados e segue em análise no Senado Federal. Assim, a proposta resgata a cultura tropeira e incentiva a geração de renda por meio do turismo responsável.

Conheça o projeto clicando nos links abaixo:

Horizontes a perder de vista, mas sem se perder no caminho.

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Picture of Lobi Ciclotur
Lobi Ciclotur
A Lobi Ciclotur é pioneira no cicloturismo regenerativo e autoguiado no Sul do Brasil, fundada por Ivan Mendes em 2014. Especializada em rotas imersivas e sustentáveis, como a Rota dos Tropeiros (1.800 km e 48 municípios), alia aventura, conservação ambiental e fortalecimento comunitário. Com sinalização autoguiada profissional inspirada em padrões internacionais, capacitação local, valorização cultural e projetos ecológicos, a Lobi é reconhecida pelo poder público federal e pelo PL 1280/2024, sendo referência nacional em turismo de bicicleta consciente e de impacto positivo—transformando o Brasil em destino global de cicloturismo responsável. Horizontes a perder de vista, mas sem se perder no caminho.

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