Turismo sobre duas rodas

O que seria uma bicicleta, se não ‘asas’ para quem explora o mundo? Que o digam os adeptos do cicloturismo, atividade que ganha força no Brasil, ancorada por seguidores de todos os perfis: ciclistas amadores e profissionais, fãs de natureza e apaixonados por desafios, simpatizantes de valores ecossutentáveis os mais diversos.

A modalidade é incentivada pelo Ministério do Turismo em 53 municípios brasileiros, que receberam R$ 20,2 milhões para a construção de ciclovias, entre 2001 e 2011. Segundo o Ministério das Cidades, há 2.500 km de ciclovias e ciclofaixas no País, mas um tapete curto para as 75 milhões de bicicletas que existem hoje no Brasil.

Além de servir como alternativa de transporte em regiões nas quais o trânsito desafia a qualidade de vida dos brasileiros, as ciclovias são usadas por pessoas que querem desfrutar da paisagem e interagir com ela. É o caso da praia de Capão da Canoa (RS), que em 2008 ampliou, com recursos do MTur, a via expressa exclusiva para a circulação de bicicletas. Segundo o secretário municipal de Turismo, Marcelo Vieira, a extensão de 1km de ciclofaixa na região central da cidade é um atestado de segurança para o lazer das cerca de 600 bicicletas que circulam pela orla diariamente, durante os finais de semana de verão.

DE TIRAR O FÔLEGO

Muitas ciclovias brasileiras estão ganhando fama pela nova vocação turística. Isso porque elas nasceram entrecortadas por paisagens urbanas, litorâneas e rurais de tirar o fôlego. Enquanto o Rio de Janeiro disputa com Bogotá (Colômbia) o título de cidade com maior número de ciclovias da América do Sul, Fortaleza e Recife abrem espaço para ‘pedaladas culturais’ e projetos especialmente desenvolvidos para fãs de viagens e passeios sobre duas rodas. Outros roteiros já sacramentados do país – como as praias catarinenses e o centro da capital do Paraná, Curitiba – também estão entre os destinos redescobertos pelos cicloturistas e suas ‘magrelas’.

A malha cicloviária de Curitiba, com 120 km de extensão, favoreceu a operacionalização das mais de seis rotas criadas pela empresa. Pelo menos 70% do percurso dos roteiros são baseados no traçado das ciclovias. Cada uma das rotas interligam, em média, cinco tradicionais pontos turísticos da cidade, que incluem o Jardim Botânico, o Teatro Guaíra, o Museu Oscar Niemeyer, o Parque Barigui e a Ópera de Arame. O serviço é regular, individualizado e inclui aluguel da bike, acompanhamento de condutor e equipamentos de segurança. Os roteiros têm duração de 3 horas, com custo médio de R$ 50 para percorrer aproximadamente 15 km.

Além do serviço turístico, a empresa vem atraindo outro perfil de interessados: os que querem inserir a bicicleta no seu cotidiano de alguma maneira, aproveitando para fazer uma atividade física, fugir do estresse do trânsito e curtir a paisagem curitibana. “Vejo que esta é uma contribuição que podemos prestar à cidade”, orgulha-se Gustavo.

Outro projeto que deu certo está em Santa Catarina, lugar onde o turismo de sol e de praia nunca perde a majestade. No entanto, um caso especial chama a atenção de viajantes que descobriram no turismo rural uma forma de dar férias à metrópole e ‘recarregar as baterias’. Em Santa Rosa de Lima, Anitápolis e na região da Serra Geral catarinense, o roteiro de cicloturismo Acolhida na Colônia oferece experiências ligadas à agricultura familiar, banhos termais e de cachoeiras, visitas a marcenarias, sítios e hortas de cultivo orgânico.

Formado por atrativos naturais e o clima romântico e bucólico de pequenas comunidades do campo, “Acolhida na Colônia” foi um dos roteiros formatados e estruturados pelo Ministério do Turismo por meio do projeto Destinos-Referência. O circuito completo tem entre 300km e 400km, mas também pode ser feito por iniciantes, que têm a opção de escolher trechos do roteiro que conectam as propriedades rurais e atrativos naturais de cada município.

Na Alemanha, os cicloturistas são mais de 21 milhões, universo que movimenta nada menos que cinco bilhões de euros ao ano. No Brasil, o segmento começa a se organizar, estimulando as economias locais e despertando pequenas regiões turísticas para a força da modalidade. O gasto médio do viajante é estimado em R$ 50 ao dia.

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