Ciclistas durante a pandemia

Proteção básica negligenciada 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, através de cartilha de recomendações, o uso da bicicleta como meio de deslocamento até mesmo porque é utilizado como forma de evitar a aglomeração e também como alternativa ao transporte público. 

Ciclistas durante a pandemia – Foto: Ivan Mendes © LOBi.com.br

A boa notícia é que cresceram o uso e o número de ciclistas durante a pandemia mas, ao mesmo tempo, cresce também a preocupação dos especialistas em saúde já que regras básicas de prevenção vem sendo cada vez mais negligenciadas, principalmente por quem utiliza a bike como esporte aos finais de semana.

Grupo de ciclistas – Acervo Lobi Cilotur – Foto: Sartori

Especialistas alertam sobre riscos 

O ciclista de longos anos e médico Carlos Starling, um dos principais infectologistas do país e membro do comitê de prevenção à Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte, lembra de um estudo realizado, ainda no início da pandemia, por universidades belga e holandesa  e que mostraram que, mesmo com máscaras e com uma distância de 2m entre elas, os ciclistas durante a pandemia ainda correm risco. “Quem estiver na frente vai oferecer risco para quem vem atrás. Esse estudo mostrou que, para não respirar o que a outra está respirando, ela tem de ficar de 10m a 20m pra trás”. Este distanciamento pode até ser possível no ciclismo praticado em trilhas e montanhas mas, em cidades, torna-se praticamente impossível.  

Máscara sempre. Foto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

O Perigo do aumento de casos 

A cada semana que passa está cada vez mais comum, nas redes sociais, fotos de grupos de ciclismo com um número grande de atletas em trilhas sem que nenhum critério preventivo contra o COVID-19 seja seguido. Pode-se ver nas fotos grupos com até 60 ciclistas, todos juntos e sem o cuidado mínimo de utilização de máscaras de proteção.  

Imagem ilustrativa do acervo Lobi Ciclotur – Foto: Sartori

Já os grupos urbanos tem, em sua maioria, tomado mais cuidado na utilização de máscaras nas grandes cidades, principalmente os que se reúnem à noite. Mas a aglomeração tem sido uma constante tanto em de grupos de ciclistas do asfalto quanto nas trilhas.  

Em rotas frequentadas há alguns anos pelos ciclistas é possível verificar como cresce o número de grupos que vão abandonando os cuidados básicos na prevenção dos ciclistas durante a pandemia. Na Rota do Ferro, por exemplo, é possível verificar esta realidade. Antiga estrada de ferro ligando as históricas Sabará e Santa Bárbara, hoje rota de ciclismo com cerca de 80km, é uma das mais procuradas aos finais de semana da região metropolitana de Belo Horizonte.  Lá é possível confirmar que, pelo menos 40 a 50% dos amantes da bike, pedalam hoje sem máscara e em grupos sempre muito próximos.

Na Rota do Ferro em Minas Gerais. Imagem © Reprodução

“Do início da pandemia até hoje o número de ciclistas aumentou muito aqui na Rota do Ferro”, confirma o ciclista Wilson Lima. “E, a cada final de semana, é possível ver o relaxamento dos atletas na prevenção contra o coronavírus. Não só os ciclistas estão deixando de se prevenir mas também quem treina corrida neste percurso”, conclui o representante comercial e ciclista de final de semana. 

Inércia do Poder Público

Ao mesmo tempo, o que se pode observar é uma inércia do poder público em relação a esta realidade seja com campanhas de orientação ou mesmo fiscalização. As vendas de bicicletas no país dobraram durante a pandemia, com as pessoas procurando uma vida mais saudável e, ao mesmo tempo fugindo das aglomerações provocadas pelo transporte público. Mas, mesmo assim, não se vê uma decisiva mobilização das autoridades junto aos novos ou já experientes ciclistas brasileiros. Algumas poucas e insuficientes atitudes foram tomadas como criação, em Belo Horizonte e Curitiba, de ciclovias temporárias. Ações tímidas se comparadas, por exemplo, com as da Inglaterra que já distribui vouchers para conserto de bikes e tem um programa de investimento de mais de 2 bilhões de libras no incentivo ao ciclismo como meio de transporte no Reino Unido.  

Produção e Edição: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur  Texto: Ciclonavegantes

Ciclistas e Pandemia – Alerta amarelo 

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