Conheci o Burg em Curitiba nas pedaladas noturnas dos bike night, e logo percebi que o cara era diferente. Pedalava com técnica, demonstrava espírito esportivo e era solidário com os companheiros.
Certa vez pedalamos 125 Km, e neste pedal conheci melhor a história ciclística e atlética deste curitibano, que vai para o trabalho de bicicleta desde dos anos 90.
Assim como andar de bicicleta na cidade todos os dias é um desafio, ele foi tentar algo mais longe.
O Burg começou a fazer provas em 2007 apenas como um desafio para ver onde poderia chegar em termos de resistência e como preparação para uma prova na Suécia (300 km) que era um sonho antigo. Em 2007 fez o BRM 200 e o BRM 300. Serviu mesmo como preparação para a primeira Vätternrundan Iternational.
Em 2008 fez o BRM 200 e foi então que pode, participar da segunda Vätternrundan Iternational..
Em 2009, logo após voltar de um período morando na Russia tentou fazer o seu primeiro brevet de speed, o 200 Curitiba-Litoral, mas não concluiu a prova por falta de habilidade em manutenção de uma speed.
Em 2010 sonhou mais distante ainda, foi fazer a serie completa a fim de se preparar para o Paris-Brest-Paris. Conseguiu concluir o 200 e o 300 mas, na prova de 400 foi atropelado por um caminhão entre Ponta Grossa e Castro e, mesmo assim foi guerreiro ao tentar completar a prova, entretanto teve de desistir devido às lesões. Como tinha a ambição de conseguir completar a série para ter direito à pré inscrição para o PBP, foi percorrer os 400 km em São Paulo (Boituva) logo em seguida tentou completar os 600 em Holambra, mas não tinha o preparo suficiente. Mesmo assim, com o 200, 300 e 400 já poderia sonhar com um pré inscrição para o PBP 2011.
No final de 2010 a antiga organização de brevets no Paraná desistiu de seguir organizando e alguns ciclistas se reuniram e montaram um clube para fazer a série 2011. Então o Burg foi convidado a participar da organização para dar sequencia ao evento, para então poder tentar conseguir a vaga para o tão cobiçado PBP. Completou a prova de 200 (volta do litoral) dos organizadores com o seu melhor tempo em provas de 200 km. Porém, na prova de 300 km, outra vez por falta de experiência com uma bicicleta muito leve, se acidentou já no comecinho da prova, fraturando um dedo da mão direita e rompendo o tendão do ombro esquerdo. Mesmo assim, tentou fazer a prova de 300 em Boituva, e completou dentro do prazo, com o ombro “estourado”e 6 pneus furados mas, infelizmente não foi homologado por ter perdido o passaporte da prova em uma das trocas de pneu. Foi aí que desistiu do PBP e decidiu abandonar as provas de longa distância. Porém, como já tinha férias marcadas e passagens compradas para a sua terceira Vätternrundan International; foi liberado pelo médico para ir a Suécia, onde completou pela terceira vez a volta de 300 km ao redor do Lago Vattern. Na volta realizou a cirurgia do ombro, ficando três meses sem pedalar. “O retorno de Jedai” foi com a medalha de ouro da sua categoria na olimpíada interna da empresa.
Como o carinha é movido à duas rodas, em dezembro de 2012 completou uma prova de 200 km, abaixo das 9 horas. Empolgado com o feito, fez a série 2013, mesmo tendo de ir trabalhar no Japão por 7 meses, o que o tornou, não só Super Randonneur pela primeira vez, mas o permitiu fazer duas séries seguidas com provas no Brasil e Japão. Super Randonneur 2013 e 2014 com direito à pré inscrição para o PBP 2015. Lembrando ainda que em 2013 teve a oportunidade de fazer a Vätternrundan Iternational pela quarta vez. Como se não bastasse, ainda tentou completar a prova de 1000 km de Floripa em 2014, mas a barreira psicológica da BR101 à noite e sozinho na chuva o fez desistir com 550 km pedalados.
Em 2015, bem preparado conseguiu rapidamente se tornar Super Randonneur pela terceira vez com o 200, 300 e 400 do Audax Floripa e, arriscando pra ver como estava das pernas, fez o 600 do Randonneurs Mogi, em São Miguel Arcanjo, com 8700 m de subida acumulada. Confirmando ali o seu passaporte para o Paris-Brest-Paris, cuja a largada foi em 16 de Agosto de 2015, onde Burg foi convidado tanto pela equipe Brasileira quanto pela equipe Japonesa para o registro oficial..
Atualmente, está repensando o seu futuro na longa distância, mesmo já inscrito para a Super Randonée de Guaratinguetá, prova de 600 km com 11.700 m de subida acumulada. Será um teste que o ajudará a pensar sobre o seu futuro na modalidade enfatiza Burg.
Confira a linha do tempo do ciclista:
· 1972-1975 / usava a bicicleta como toda criança, pra ir em todos os lugares, inclusive para ir jogar bola em Araucária e Contenda (morava na Fazendinha e tinha uma Berlineta aro 20”)
· 1975-1978 / usava a mesma bicicleta para ir do Fazendinha à Praça Espanha diariamente (ensino médio)
· 1993, a retomada da bicicleta na sua vida (após terminar faculdades, estar casado e estabilizado profissionalmente) … inicialmente como lazer de finais de semana, depois começou a usar em dias alternados para ir ao trabalho. Desde então, nunca mais parou de pedalar.
A paixão pela bicicleta está retratada nele mesmo, com três tatuagens, uma na perna, uma no braço e a última, nas costas, uma homenagem a padroeira dos ciclistas, a Madonna Del Ghisallo, que teve a oportunidade de visitar a capela no lago de Como, na Itália (obviamente, foi pedalando) comentou Burg.
Hoje, utiliza a bicicleta como seu principal meio de transporte, como lazer, como cicloturismo e para provas de longa distância. Segundo Burg, de 1993 até a presente data já pedalou 140.000 km.
No último dia 31 de Março, nas comemorações dos 323 anos da cidade de Curitiba, foi homenageado na Câmara de Vereadores com a honra do mérito esportivo da cidade de Curitiba, título este que recebeu em nome de todos os ciclistas Curitibanos.
Ufa, imagino que apenas pelo fato de ler esta história você deve estar destilando agora.
Por Ivan Mendes