Ciclistas e outros grupos pedem ao MP manutenção da velocidade reduzida em vias de São Paulo

Grupos de ativistas em mobilidade entregaram um documento pedindo ao Ministério Público de São Paulo que seja mantida a política de redução da velocidade máxima nas vias da capital paulista. Assinam o dossiê a Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), a Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo (Cidadeapé), o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e os movimentos Bike é Legal, Bike Zona Sul e Sampapé.

Pistas locais das marginais Pinheiros e Tietê tiveram sua velocidade reduzida para 50 km/h. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Desde o ano passado, a prefeitura vem reduzindo as velocidades permitidas em avenidas e ruas da cidade. As mudanças que tiveram mais impacto e visibilidade foram as feitas nas marginais Pinheiros e Tietê.

Em julho de 2015, a velocidade máxima permitida para os carros nas pistas expressas das marginais foi reduzida de 90 quilômetros por hora (km/h) para 70 km/h. Para os caminhões, o limite diminuiu de 70 km/h para 60 km/h. Na pista local da Marginal Pinheiros, a velocidade permitida passou de 70 km/h para 50 km/h. Na faixa central da Tietê, caiu de 70 km/h para 60 km/h.

Aumento das velocidades

Durante a campanha, o prefeito eleito João Dória apresentou como proposta a revisão da redução dos limites, especialmente nas marginais. “Nas marginais passam 3,5 milhões de pessoas todos os dias. Muitas dessas pessoas que passam ali todos os dias dependem dessas vias para sobreviver, com o transporte de mercadorias e pessoas. Não faz sentido você ter uma velocidade reduzida em vias expressas”, disse Dória em sabatina na TV Brasil em parceria com o jornal El País.

As entidades pedem que a nova gestão municipal dialogue com a sociedade civil antes de fazer alterações nessa política. “Estamos buscando todas as vias de diálogo com a nova gestão para dar visibilidade às pessoas mais vulneráveis no trânsito, mas vemos que não temos mais opções. Por isso, protocolamos os documentos, para mostrar que existe uma demanda contrária à volta das altas velocidades”, enfatizou Ana Carolina Nunes, representante do Cidadeapé.

No dossiê entregue ontem (19) ao Ministério Público pelas sete entidades são apresentados os dados e marcos legais que embasam a diminuição da velocidade nas vias.

Redução de acidentes

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) divulgou em outubro um balanço que mostrou uma queda de 52% no número de acidentes com mortes nas marginais Tietê e Pinheiros durante o primeiro ano da implantação da redução de velocidade nas duas vias. De julho de 2014 a junho de 2015, foram registrados 64 acidentes com mortes. De julho de 2015 a junho de 2016, ocorreram 31.

A queda foi influenciada principalmente pela redução dos atropelamentos com mortes, que passaram de 24 ocorrências – de julho de 2014 a junho de 2015 – para apenas uma ocorrência no período de julho de 2015 a junho de 2016, redução de 95,8%. Já os acidentes com mortes envolvendo veículos caíram de 40 para 30 ocorrências, diminuição de 25%.

Entre os números apresentados pelas entidades está o de ciclistas e pedestres que passam pelas vias e estariam sujeitos a acidentes. Na Marginal Pinheiros, na altura da Ponte Cidade Universitária, calcula-se que 140 pessoas andem de bicicleta, das 7h às 8h, e 1,6 mil a pé, das 18h às 19h. Na Marginal Tietê, na altura da Ponte da Freguesia do Ó, foram contabilizados 90 ciclistas, das 18h às 19h, e 130 pedestres no mesmo horário.

Com informações da Agência Brasil
Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo

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