Com Via Calma, tráfego de ciclistas na Sete de Setembro, em Curitiba, aumenta 132%

O número de ciclistas que utiliza a Avenida Sete de Setembro mais que dobrou desde a implantação da Via Calma em 2014, quando foram estabelecidos o compartilhamento do tráfego de veículos e bicicletas na via lenta e a velocidade máxima de 30 km por hora. É isso que demonstram as pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) nos anos de 2008, 2013, 2014, 2015 e 2016.

O número de ciclistas que utiliza a Avenida Sete de Setembro desde a implantação da Via Calma mais que dobrou em 2014, quando foram estabelecidos o compartilhamento do tráfego de veículos e bicicletas na via lenta e a velocidade máxima de 30 km por hora. Foto: Luiz Costa/SMCS
Num comparativo entre 2013, ano anterior à implantação da Via Calma, e 2016, o aumento do número de ciclistas foi de 132,19%. “As pesquisas demonstram que a população aceitou e adotou a Via Calma, um modelo de compartilhamento do espaço urbano que foi criado pelo Ippuc e é exclusivo de Curitiba, com a redução de velocidade para os carros, a implantação da bicicaixa e a preferência de avanço e conversão para os ciclistas”, avalia o presidente do Ippuc, Sérgio Póvoa Pires.

Via Calma da Sete de Setembro tem aumento
de 132% no tráfego de ciclistas. Foto: Arquivo/SMCS

No ano de 2013, em relação a 2008, quando ocorreu a pesquisa anterior, houve um aumento de apenas 1,73% de bicicletas trafegando pela Avenida Sete de Setembro. No entanto, em 2014, quando foi implantada a Via Calma, foi registrada uma taxa de crescimento de 53,79% na circulação de bicicletas, em comparação a 2013. Um ano depois, em 2015, houve novo aumento de ciclistas na via, da ordem de 26,48% em relação a 2014. E, finalmente, em 2016, houve mais um aumento na quantidade de ciclistas na Avenida Sete de Setembro, da ordem de 19,38%, em relação ao ano anterior.

Em números absolutos, as contagens de bicicletas num único dia, no horário de pico do final da tarde, registraram: 519 bicicletas em 2008; 528 em 2013; 812 em 2014; 1.027 em 2015; e 1.226 bicicletas em 2016. “Os números deixam claro que os ciclistas sentem-se mais protegidos e encorajados a utilizar a Via Calma”, avalia o arquiteto Antonio Miranda, autor do projeto da Via Calma e responsável pela área de ciclomobilidade no Ippuc.

As pesquisas foram realizadas em três pontos da Avenida Sete de Setembro, nas quadras entre as seguintes vias: Rua Bento Viana e Rua Silveira Peixoto (Batel / Água Verde); Rua Lamenha Lins e Rua Brigadeiro Franco (Água Verde / Rebouças); e Rua Mariano Torres e Rua Tibagi (Centro / Rebouças). As contagens de bicicletas e veículos foram realizadas sempre no mesmo horário, das 17h às 20h. No ano de 2013, ocorreu somente a contagem de bicicletas. O trabalho integra o conjunto sistemático de pesquisas de mobilidade urbana realizado pelo Setor de Pesquisa do Ippuc.

Menos ciclistas na canaleta

As pesquisas também revelam que diminuiu muito o número de ciclistas na canaleta de ônibus após a implantação da Via Calma. Em 2008, 85% dos ciclistas utilizavam a canaleta para se deslocar e somente 15% trafegavam pela via lenta. Em 2013, cinco anos após a primeira pesquisa, constatou-se que pouca coisa havia mudado: 80% dos ciclistas usavam a canaleta e 20% seguiam pela via lenta. A grande mudança de comportamento ocorreu exatamente em 2014, ano de implantação da Via Calma, quando 31% dos ciclistas trafegavam pela canaleta do ônibus, enquanto 69% já adotaram a via lenta para se deslocar.

Nos dois anos seguintes, o padrão de comportamento sofreu poucas alterações. Em 2015, 30% dos ciclistas usavam a canaleta e 70% deram preferência à via lenta. Já em 2016, 34% dos ciclistas optaram pela canaleta e 66% utilizavam a pista lenta, compartilhando o espaço com os veículos. “Esta é uma mudança de comportamento muito importante, pois, ao disputar espaço com os ônibus nas canaletas, os ciclistas arriscam suas vidas. Acreditamos que, com o aumento das vias calmas e novas campanhas de conscientização este número deverá baixar ainda mais”, comemora Pires.

Veja a pesquisa completa neste link, disponível no site do Ippuc.

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