Condenados em Minas Gerais produzem bicicletas durante período da pena

Há 14 anos no mercado, uma fabricante de bicicletas, de Lagoa de Prata, em Minas Gerais, transferiu praticamente todas as suas operações de montagem para o Centro de Reintegração Social (CRS) da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac). Nessa espécie de filial, os quadros soldados e pintados vão ganhando partes e componentes pelas mãos de 14 condenados, que entregam cerca de 3 mil bicicletas por mês.

Atualmente, os recuperandos, como são chamados os presos no Método Apac, são responsáveis pela montagem de 70% das unidades completas e de 90% das rodas da indústria.

Os quadros soldados e pintados vão ganhando partes e componentes pelas mãos de 14 condenados (Bernardo Carneiro/Seds)

O gerente de produção da fábrica, André de Souza Machado, diz que a dedicação e a competência demonstradas pelos recuperandos no começo da parceria, quando havia apenas a montagem de rodas, encorajaram a empresa a aumentar a participação da linha de trabalho instalada na Apac.

“Concluímos que conseguiríamos manter nossos compromissos de quantidade, qualidade e prazo com nossos clientes espalhados pelo país, e, de fato, isso ocorreu”, explica André.

A aposta da empresa foi favorecida por uma circunstância inesperada. Um ex-funcionário, Flávio Rodrigues de Oliveira, foi condenado à prisão e admitido no CRS de Lagoa da Prata para cumprir pena. Pelos bons serviços prestados à Braciclo quando estava em liberdade, recebeu a missão de liderar os demais recuperandos na linha de montagem.

Aos 29 anos de idade, Flávio diz que assumiu a tarefa com senso de responsabilidade maior do que quando era uma pessoa livre. Ele observa que, para um ex-preso, é muito mais difícil conseguir vaga no mercado de trabalho. “Além de ficar atento às metas, ensino todo o serviço. Tenho que corresponder à confiança, mas tem sido tranquilo porque o pessoal aqui aprende rapidinho”, conta.

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