Preparamos, então, uma fala do Therbio Felipe abordando sobre o tema ‘A paz possível em oposição à violência de trânsito’, proferida logo após a palestra, também especial, do querido Vereador Goura, um nome importante e reconhecido na cultura da bicicleta e mobilidade urbana sustentável no Paraná e no Brasil. Aproveitamos a oportunidade para fazer uma live durante o evento, orquestrada pelo Ivan Mendes, disponível em nosso Facebook, vale a pena conferir.
Diante de uma plateia atenta e respeitosa de alunos do Ensino Médio, buscamos promover uma reflexão a respeito do que seja possível realizarmos, juntos, enquanto sociedade, para ampliar e democratizar uma postura menos violenta entre os atores do sistema trânsito, sejam eles, por ordem de importância, os pedestres (neles incluímos idosos e portadores de necessidades especiais), os ciclistas e usuários de transportes ativos, condutores de veículos automotores, etc.
Explicamos que demos uma especial atenção à paz, não à violência.
Assim agimos na intenção clara de aproximar daqueles jovens uma outra perspectiva possível de reação cidadã frente ao caos no urbano, sendo o trânsito o ambiente de maior conflito. Perspectiva esta que passa pela adoção pessoal, particular, individual, de uma postura favorável à resolução pacífica dos conflitos neste ambiente tão delicado composto pelo sistema viário, calçadas, espaços públicos e seus sujeitos.
A proposta de abordar mais atentamente sobre a paz levou os alunos à reflexão sobre sua postura no cotidiano e em suas relações. Foi proposto que passem a admitir que a paz como uma conduta envolvida de civilidade. E, da mesma forma, que a paz não seja confundida com apatia, abstenção, indiferença, injustiça, intolerância, domínio ou controle, tão fortemente idealizadas pelo senso comum mal informado.
E mais ainda, foi debatido com os alunos que a paz não admite neutralidade, porque agindo desta forma, se estará, indistinta e invariavelmente, reforçando o lado mais forte de uma relação. E isto acontece em inúmeros momentos de nossas vidas, não só na desproporcional relação veículo automotor x pedestres.
A resolução pacífica para o conflito violento no trânsito deve passar, necessariamente, pela mudança paradigmática do automóvel à bicicleta e ao pedestrianismo, pela reformulação do que se quer com a moderna formação de condutores, pela geração de políticas públicas de intermobilidade, de munir a cidade de estruturas viárias e cicloviárias condizentes, enfim, o caminho é longo mas deve, sem dúvida, começar pela educação e pelo nosso testemunho.
Passa, portanto, por uma ressignificação do meio ambiente urbano e por uma dura e urgente mudança de perspectiva por parte dos cidadãos.
Para nós, foi um momento de enriquecimento e compartilhamento de informações promovido por uma educadora que usa, cotidianamente, a bicicleta em seus deslocamentos, principalmente, dirigindo-se à escola onde dá aulas.
Seu testemunho já gerou resultados muito significativos como a construção de um bicicletário dentro do pátio da escola, o que favoreceu a adoção da bicicleta por parte de um importante grupo de alunos. Isto é uma aula de cidadania através do exemplo.
Agradecemos pela calorosa recepção por parte da Direção, Colegiado, funcionários e alunos, e reforçamos que nos colocamos à disposição do colégio para outras eventualidades.
Horizontes a perder de vista. Crepúsculos e alvoradas sem fim.
Uma lâmina flamejante cruza os rincões do Sul do Brasil.
O lobo está na trilha!
