A Origem da Rota dos Tropeiros: A Partir do Rio Grande do Sul
Introdução à Rota dos Tropeiros
Antes de mais nada, a origem da rota dos tropeiros remonta ao ano de 1555, quando os irmãos Vicente e Cipião Gois introduziram o gado no Paraguai. A partir daí, algumas cabeças de gado foram transferidas para as margens dos rios Paraná e Prata, espalhando-se eventualmente pelos campos do Rio Grande do Sul. Além disso, os jesuítas das reduções também contribuíram para a introdução do gado, sustentando os índios cristianizados. Assim, nas primeiras décadas de 1600, o gado se disseminou pela campanha e foi introduzido na região litorânea entre Rio Grande e Tramandaí.
Expansão do Comércio de Gado
Ainda mais, as manadas de bovinos, muares e cavalares encontradas nos campos do Continente de São Pedro pelos exploradores constituíam uma nova fonte de riqueza. Contudo, essa riqueza não era inferior aos canaviais do nordeste e às minas de ouro e diamante do centro do Brasil. Além disso, a exploração do couro e do sebo do gado vacum foi uma atividade lucrativa. Todavia, o comércio de mulas para o vale do rio São Francisco surgiu posteriormente, necessitando de transporte adequado. Como o litoral, desde Laguna, apresentava escarpas intransponíveis, a única alternativa viável era uma estrada pela serra.
Cristóvão Pereira de Abreu e a Rota dos Tropeiros
A princípio, a figura de Cristóvão Pereira de Abreu emerge como um personagem central. Ele era um nobre fidalgo português que imigrou para o Rio de Janeiro por volta de 1700. Aos 42 anos, arrematou o monopólio de couros do Sul do Brasil, transformando a Colônia do Sacramento no maior empório mundial de comércio e contrabando de couro. Em 1727, associou-se ao lagunense Francisco de Sousa Faria para abrir um caminho pela serra, desde o Morro dos Conventos, em Araranguá, até Sorocaba, cruzando pelos campos de Vacaria e Lages.
Primeiras Expedições e a Criação da Estrada
Em primeiro lugar, em 1729, Cristóvão Pereira de Abreu conduziu a primeira leva de centenas de cavalos e mulas pelo caminho da serra. Na segunda viagem, que durou 14 meses, levou 3.000 animais à Feira de Sorocaba. Nos anos de 1731 e 1732, ele abriu a famosa estrada ligando os campos de Viamão a Lages, através do vale de Rolante. Ao longo dessa estrada, surgiram povoados como Santo Antônio da Patrulha, São Francisco de Paula e Vacaria.
Fortificações e Expansão da Rota
Além disso, por ordem de Gomes Freire de Andrada, Cristóvão Pereira de Abreu dominou todo o sul do Continente em 1736, edificando fortificações para repelir possíveis ataques castelhanos. Em 1738, abriu o caminho das tropas para as Missões, ligando Laguna à região pelo Planalto. Dessa forma, esse caminho atravessava os atuais municípios de Bom Jesus, Vacaria, Lagoa Vermelha, Passo Fundo, Carazinho, Cruz Alta, Palmeira das Missões, entre outros.
Desafios e Conflitos na Rota dos Tropeiros
Contudo, a rota dos tropeiros não estava isenta de perigos. Em 1835, por exemplo, os índios coroados exterminaram a caravana do tropeiro paulista Domiciano de Mascarenhas Camelo. Os tropeiros, ao penetrar nesses matos, geralmente contratavam bugreiros para defendê-los de ataques indígenas. O mais temido desses bugreiros foi José Domingos Nunes de Oliveira, cuja presença afugentava os índios.
O Ciclo do Tropeirismo
Finalmente, o ciclo do tropeirismo prolongou-se por 200 anos, desde Cristóvão Pereira de Abreu até Pinheiro Machado. Desse modo, os tropeiros escreveram uma das mais “heroicas” epopeias da História do Brasil. Portanto, a vida de tropeiro era cheia de sobressaltos, inquietações e sofrimentos. Eles atravessavam sertões extensos, enfrentavam rios caudalosos e suportavam condições adversas durante suas jornadas.
Conclusão: O Legado da Rota dos Tropeiros
Por fim, o tráfego de muares entre o extremo-sul e as regiões do centro do Brasil constituía uma das maiores fontes de renda da província de São Paulo. Enquanto, a Feira de Sorocaba era um ponto crucial para o comércio de mulas, movimentando centenas de milhares de animais anualmente. Assim, a origem da rota dos tropeiros não só moldou a economia regional, mas também deixou um legado cultural e histórico significativo para o Brasil.
Fonte de pesquisa: Biblioteca Pública de Porto Alegre
Por Ivan Mendes © Lobi Ciclotur