A Origem da Rota dos Tropeiros: A Partir do Rio Grande do Sul

A Origem da Rota dos Tropeiros: A Partir do Rio Grande do Sul

Introdução à Rota dos Tropeiros

Antes de mais nada, a origem da rota dos tropeiros remonta ao ano de 1555, quando os irmãos Vicente e Cipião Gois introduziram o gado no Paraguai. A partir daí, algumas cabeças de gado foram transferidas para as margens dos rios Paraná e Prata, espalhando-se eventualmente pelos campos do Rio Grande do Sul. Além disso, os jesuítas das reduções também contribuíram para a introdução do gado, sustentando os índios cristianizados. Assim, nas primeiras décadas de 1600, o gado se disseminou pela campanha e foi introduzido na região litorânea entre Rio Grande e Tramandaí.

A Rota dos Tropeiros, um dos mais importantes caminhos históricos do Brasil, teve sua origem no Rio Grande do Sul. Esta ilustração cativante, criada por Ivan Mendes da Lobi Ciclotur, retrata o momento crucial em que intrépidos tropeiros gaúchos introduziram o gado no estado, moldando assim a cultura e a economia da região.
Uma ilustração sobre a introdução do gado no Rio Grande do Sul. Ilustrado por MídiaPixel.com.br

Expansão do Comércio de Gado

Ainda mais, as manadas de bovinos, muares e cavalares encontradas nos campos do Continente de São Pedro pelos exploradores constituíam uma nova fonte de riqueza. Contudo, essa riqueza não era inferior aos canaviais do nordeste e às minas de ouro e diamante do centro do Brasil. Além disso, a exploração do couro e do sebo do gado vacum foi uma atividade lucrativa. Todavia, o comércio de mulas para o vale do rio São Francisco surgiu posteriormente, necessitando de transporte adequado. Como o litoral, desde Laguna, apresentava escarpas intransponíveis, a única alternativa viável era uma estrada pela serra.

Os desbravadores que deram origem a Rota dos Tropeiros. Ilustrado por Ivan Mendes © Lobi Ciclotur
Os desbravadores da Rota dos Tropeiros. Ilustrado por MídiaPixel.com.br

Cristóvão Pereira de Abreu e a Rota dos Tropeiros

A princípio, a figura de Cristóvão Pereira de Abreu emerge como um personagem central. Ele era um nobre fidalgo português que imigrou para o Rio de Janeiro por volta de 1700. Aos 42 anos, arrematou o monopólio de couros do Sul do Brasil, transformando a Colônia do Sacramento no maior empório mundial de comércio e contrabando de couro. Em 1727, associou-se ao lagunense Francisco de Sousa Faria para abrir um caminho pela serra, desde o Morro dos Conventos, em Araranguá, até Sorocaba, cruzando pelos campos de Vacaria e Lages.

O retrato de Cristóvão Pereira de Abreu, que se apresenta, não é real, tendo sido imaginado para uma edição do Jornal Cruzeiro do Sul, que evocou a sua memória quando, em 2004, a cidade de Sorocaba, no Estado de S. Paulo (Brasil), comemorou 350 anos. Cristóvão Pereira de Abreu e a Origem da Rota dos Tropeiros. Imagem tratada Por Ivan Mendes © Lobi Ciclotur
Cristóvão Pereira de Abreu, imaginado para uma edição do Jornal Cruzeiro do Sul em 2004. Reeditada por MídiaPixel.com.br

Primeiras Expedições e a Criação da Estrada

Em primeiro lugar, em 1729, Cristóvão Pereira de Abreu conduziu a primeira leva de centenas de cavalos e mulas pelo caminho da serra. Na segunda viagem, que durou 14 meses, levou 3.000 animais à Feira de Sorocaba. Nos anos de 1731 e 1732, ele abriu a famosa estrada ligando os campos de Viamão a Lages, através do vale de Rolante. Ao longo dessa estrada, surgiram povoados como Santo Antônio da Patrulha, São Francisco de Paula e Vacaria.

Gaúchos transportam mercadoria em cavalos e mulas em direção à Sorocaba.
Imagem Ilustrativa extraída do MTG

Fortificações e Expansão da Rota

Além disso, por ordem de Gomes Freire de Andrada, Cristóvão Pereira de Abreu dominou todo o sul do Continente em 1736, edificando fortificações para repelir possíveis ataques castelhanos. Em 1738, abriu o caminho das tropas para as Missões, ligando Laguna à região pelo Planalto. Dessa forma, esse caminho atravessava os atuais municípios de Bom Jesus, Vacaria, Lagoa Vermelha, Passo Fundo, Carazinho, Cruz Alta, Palmeira das Missões, entre outros.

Mapa das ramificações e origem da Rota dos Tropeiros.
Mapa das ramificações e origem da Rota dos Tropeiros.

Desafios e Conflitos na Rota dos Tropeiros

Contudo, a rota dos tropeiros não estava isenta de perigos. Em 1835, por exemplo, os índios coroados exterminaram a caravana do tropeiro paulista Domiciano de Mascarenhas Camelo. Os tropeiros, ao penetrar nesses matos, geralmente contratavam bugreiros para defendê-los de ataques indígenas. O mais temido desses bugreiros foi José Domingos Nunes de Oliveira, cuja presença afugentava os índios.

Batalha entre indígenas e tropeiros na origem da Rota dos Tropeiros na Serra Gaúcha.
Batalha entre indígenas e tropeiros na Rota dos Tropeiros. Ilustrado por MídiaPixel.com.br

O Ciclo do Tropeirismo

Finalmente, o ciclo do tropeirismo prolongou-se por 200 anos, desde Cristóvão Pereira de Abreu até Pinheiro Machado. Desse modo, os tropeiros escreveram uma das mais “heroicas” epopeias da História do Brasil. Portanto, a vida de tropeiro era cheia de sobressaltos, inquietações e sofrimentos. Eles atravessavam sertões extensos, enfrentavam rios caudalosos e suportavam condições adversas durante suas jornadas.

Foto atual do Caminho das Tropas nos Campos de cima da Serra Gaúcha
Foto atual do Caminho das Tropas na Serra Gaúcha. Foto Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

Conclusão: O Legado da Rota dos Tropeiros

Por fim, o tráfego de muares entre o extremo-sul e as regiões do centro do Brasil constituía uma das maiores fontes de renda da província de São Paulo. Enquanto, a Feira de Sorocaba era um ponto crucial para o comércio de mulas, movimentando centenas de milhares de animais anualmente. Assim, a origem da rota dos tropeiros não só moldou a economia regional, mas também deixou um legado cultural e histórico significativo para o Brasil.

Fonte de pesquisa: Biblioteca Pública de Porto Alegre

Por Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

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