Ciclistas e acostamento de rodovias

Segundo o Artigo 58 do CTB, ciclistas podem circular nas vias rurais mesmo que não haja acostamento. Contudo, o Artigo 60, em seu inciso II, diferencia os dois tipos de vias rurais, sendo elas pavimentadas (rodovias) e não pavimentadas (estradas) -a definição das diferentes vias rurais se dá a partir do Anexo I do CTB-. Mais a frente, em seu Artigo 244, o CTB limita a circulação de bicicletas em rodovias apenas paras as vias que possuem acostamento e pista dupla.

A partir da leitura dos mencionados artigos do CTB, fica restrita a circulação de ciclistas as rodovias que não possuem acostamento nem pista dupla, mas fica livre a circulação dos atletas nas estradas, mesmo que essas não possuam os dois requisitos exigidos nas rodovias. Nesse caso, os ciclistas devem pedalar nas bordas das pistas, no mesmo sentido da circulação dos automóveis, com preferencia sobre os mesmos.

Apesar dessa leitura favorável ao trânsito de ciclista nos acostamentos e também outras leituras que interpretam uma proibição, fica uma indagação: mas e quando os acostamentos estão com sujeira passível de causar danos à bicicleta e ao ciclista?

Foto: Valmir Singh

Não é raro encontrar pedaços de pneus, latas de cerveja e refrigerante, restos de obras, pregos, metais entre tantos outros detritos capazes de originar furos nos pneus das bicicletas ou até mesmo dos outros veículos, já que sujeira não é algo restrito ao acostamento.

Ideal é que as vias estejam em perfeito estado para o trânsito, como determina legislações e contratos entre governos e empresas que se tornam concessionárias de prestação de serviço para manutenção das vias que faturam com o pedágio aplicado nas rodovias. Contudo algumas dicas são pertinentes para acabar com a sujeira na via e acostamentos:

1º Seja uma pessoa amiga do meio-ambiente, então não joge lixo nas vias e margens; pneus e peças devem ser recolhidos e destinados a pontos corretos de descarte.

2º Faça valer o seu direito de consumidor de pagador do pedágio; informe onde há sujeira na pista, assim você colabora com a limpeza da rodovia e ajuda a evitar acidentes.

Aí você vai dizer: mas ciclistas não pagam pedágio. Pagam sim! A maioria dos ciclistas e principalmente cicloturistas se deslocam de carro ou transporte coletivo para acessar trilhas e caminhos alternativos através de BR’s.

Foto: Valmir Singh

Mas não é somente pelos ciclistas que as concessionárias deveriam limpar e fazer manutenção no acostamento, e sim pelos próprios usuários que pagam taxas para terem uma via em perfeito estado para trânsito.

Vejamos uma situação: Uma viagem de 100 km até as praias paranaenses pela a BR-277 custará R$ 15,40 para ir e R$ 15,40 para voltar de Curitiba, por exemplo. A ida e volta sairá por R$ 30,80. Muitos cicloturistas fazem essa rota em viagens de carro para chegar aos locais onde vão pedalar. Então há de se concluir que há de oferecer a via e acostamentos adequados não só pela segurança e qualidade no tráfego do motorista, quanto para aquele que está pedalando ou trafegando com o carro para realizar alguma atividade com bicicleta.

Modelo de veículo que limpa acostamento em rodovias estrangeiras

Se as dicas dadas acima aplicam-se a ciclistas e motoristas, outras dicas para os ciclistas são bastante interessantes ao pedalarem pelo acostamento das rodovias:

– Procure sair quando está bem claro – ou de manhã ou no fim da tarde.
– Esteja muito visível, tanto com roupa quanto com equipamentos de segurança.
– Pedale sempre no sentido da via.
– Nos acessos e cruzamentos, preste muita atenção e reduza a velocidade.
– Leve água e alimentos saudáveis, como banana, suplementos e cafeína.
– Controle a frequência cardíaca para não exagerar na dose.
– Se for iniciante, comece com 30 quilômetros. Aos mais experientes, 120 quilômetros em um dia é suficiente para um treino mais pesado.
– Opte por trechos planos e com menos movimento de veículos pesados.
– Escute o tráfego _ fique atento às freadas, buzinadas, carros em alta velocidade.
– Fique atento ao óleo na pista e aos detritos como peças de carros e partes de pneus.
– Se for com mais pessoas, opte por pedalar em fila.
– Treine olhar para trás sem alterar o curso retilíneo da bicicleta.
– A bicicleta mais aconselhada para pedalar na rodovia é a speed.
– Se for de mountain bike, use pneus mistos.
– Pedale em grupo e um integrante da equipe pode começar o trajeto uns 15 minutos na frente para conferir o estado da via e informar o pelotão que vem depois.

O ciclista também pode conferir se há algum alerta de sujeira na pista e acostamento ou algum outra questão. Muitas concessionárias de rodovias tem em seu site os informes em tempo real e pontos de prestação de serviço onde o usuário da via pode ser atendido com as informações do estado da pista.

Paraná já registrou 590 colisões entre carros e bicicletas em 2016

Segundo o Sistema Digital de Dados Operacionais da Polícia Militar do Paraná e do Corpo de Bombeiros, de janeiro a abril de 2016, foram registradas 590 colisões entre automóveis e bicicletas no Estado. São 602 vítimas, sendo 10 delas fatais.

Seja pelos limites de espaço ultrapassados pelos condutores ou por desatenção dos ciclistas, o desrespeito à ciclovia é considerado uma das principais razões de acidentes pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran) e tema do vídeo divulgado em 15 de maio, na campanha “31 dias para mudar o trânsito”, parte das ações para o Maio Amarelo.

O depoimento, inspirado em fatos reais, é de um motorista de ônibus. “Nos primeiros quatro meses deste ano, foram 30 acidentes envolvendo ônibus e bicicletas no Paraná. A diferença de tamanho torna mais grave a colisão. Por isso, reforçamos, no trânsito o maior sempre deve cuidar do menor”, lembra o diretor-geral do Detran, Marcos Traad.

Com intenção de prevenir acidentes deste tipo e reorganizar o espaço urbano, o Governo do Paraná tem trabalhado nas duplicações e construção de calçadas e ciclovias. Obras acontecem no trecho Pinhais – Piraquara (14 km), Colombo (6,5km), Estrada do Cerne (11km) e Litoral do Paraná (3,5km).

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Lobi Ciclotur
Oi, eu sou o LOBi! Estou aqui para aliar natureza e caminhos alternativos para você e sua família descobrirem o mundo do ponto de vista da bicicleta.

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