Muito se tem falado ultimamente sobre acidentes envolvendo veículos e bicicletas, infelizmente inclusive com o registro de mortos e feridos. Culpa-se a imprudência dos motoristas _ e elas são maioria mesmo _ mas não se pode esquecer que muitas vezes os ciclistas também não seguem as regras de trânsito. Ontem, na esquina da minha rua, o semáforo ficou verde para mim e, quando avancei, não atropelei por questão de segundos um ciclista que furou o sinal. Com certeza, se acontecesse o acidente, a culpa recairia sobre o automóvel. Há poucos dias, uma bicicleta surgiu na minha frente na contramão, e sem nenhum tipo de luz. Impossível vê-la na noite escura. Só por muita sorte consegui desviar do ciclista. E são vários os exemplos. É preciso sempre enxergar os dois lados da moeda. Assim como motoristas, há também os ciclistas conscientes e os imprudentes.
A situação é séria e exige que pensemos sobre como resolvê-la. Só no primeiro semestre de 2015 o Ministério da Saúde registrou 4.871 internações de ciclistas acidentados no país. Com certeza estes números estão subestimados, porque muitos casos não são sequer registrados. Mariana da Silveira, mestra em Engenharia de Transportes, acredita que a capacitação do ciclista deveria ser realizada ainda na infância, desde o momento em que se aprende a andar de bicicleta, o que acontece naturalmente em países que são referência em bikes no mundo, como Alemanha e Holanda. Segundo a engenheira, já existem iniciativas do terceiro setor que buscam capacitar condutores de bikes e motoristas para compartilharem o espaço em harmonia.
Uma dessas iniciativas é a Bike Anjo, que oferece orientação gratuita aos iniciantes que têm dúvidas sobre como se portar no trânsito em cima de uma bicicleta. Os ciclistas mais experientes orientam os que estão começando, e são apelidados de “anjos”. Hoje já são 2.020 voluntários cadastrados em 348 cidades brasileiras. Uma grande ideia, tomara que se espalhe pelo Brasil inteiro. Entre as dicas básicas repassadas pela ONG aos ciclistas, estão: pedale com segurança, exerça direção defensiva, nunca pedale na contramão, ocupe pelo menos um terço da faixa de rolamento, cuidado com a abertura de portas dos carros parados e respeite o que diz o Código de Trânsito Brasileiro. Somente se cada um de nós fizer a sua parte, teremos no futuro um trânsito mais humano.
Por Viviane Bevilacqua